Observe, o mundo ao seu redor se movimenta, lentamente aos seus olhos, em harmônia.

Refletindo.


Estava agora sentada, quieta. O relógio no meu pulso apontava 4 horas da tarde, e era sábado. Estava com uma blusa verde claro de manga e uma sobreposição cinza de renda, acompanhada por minhas jeans rasgadas e meu velho all star verde militar. Eles estavam atrasados, e até eles chegarem eu estava me martirizando com a situação do trabalho de história. Eu já tinha acabado de escrever a biografia, todos que leram elogiaram pra falar a verdade, mas o problema é esse, o texto estava muito bom para eu ter que lê-lo e estragá-lo. Eu falei com meu professor, e a única coisa que ele fez foi me recomendar o grupo de teatro da escola, dizendo que isso podia melhorar a minha timidez, e etc. Pra ser bem cincera, fiquei muito desapontada, mas eu até que me interessei. É hilário como uma semana passa tão rápido, e as coisas caem tão de pressa na mesmice. Sabe, todo ano novo a gente se veste de branco, estoura fogos e faz promessas. Pois é, toda vez eu me prometo a mesma coisa, fazer do ano que está chegando o melhor, e por mais que pareça eu nunca cumpro. Eu pensava cada vez mais nisso, em fazer desse ano, o ano que eu digamos assim, sairia da toca, mostraria pra todo mundo quem é a verdadeira Miri. Quer Saber, talvez o teatro fosse mesmo a melhor saída!
Cá e Fred chegaram, e eu saí correndo e derrubando tudo, como um furacão pra abrir a porta, e dar um abraço naqueles atrasados. Assim que a porta abriu, com um toque de desapontamento, notei que apenas tinha vindo o Fred, mas, cadê a Cá?
- Fred, cadê a Cá?!
- Ela não vem, a prima brasileira dela veio passar a semana, e aí elas não saem de casa por nada, já sabe. – O que? Aquela garota ridícula? A meu deus, quando foi que a Cá me trocou por ela?Ela acha que eu não sei, aquela Elisa é uma cobra, tem uma paixão louca pelo Fred e sempre que vem a Cá fica lá, falando com ela e me esquece.
- Ai que saco. Vamos? – Se eu fosse ficar me lamentando a gente não ia sair Dalí nunca!
-Ok.
E nós dois sorrimos, e ele me deu um abraço. Eu vou ser sincera, eu nunca tinha reparado, mas o perfume dele era ótimo! E ele estava mais forte que da última vez que eu reparei... Ah, mas eu não podia vê-lo como nada que não fosse amigo, até porque, o que ele ia querer comigo? Antes meu melhor amigo, que me odiando eternamente pelos meus sentimentos...
 E seguimos andando, até o shopping, que ficava bem perto da minha casa.

Más notícias.

Eu segui decidida até a porta, de nariz em pé e sorrindo, mas quando entrei e vi a sala cheia, abaixei a cabeça e sentei na primeira cadeira que vi. Fred e Cá vinham atrás de mim, e sentaram um na minha frente e o outro atrás.
A primeira aula foi de português, com uma professora simpática e engraçada, mas bem rígida, os idiotas acharam ela bem chata. No intervalo de uma aula pra outra, você tem 5 minutos pra conversar, tomar água e ir ao banheiro, e eu por mais que eu tenha adorado a aula da senhorita Mirtes, eu tinha que falar com os meus amigos, urgentemente. Finalmente, o sinal tocou, e suspiros de liberdade fizeram um coro pela sala, e eu estava com esse coro.
De um minuto pro outro, a sala já estava quase toda em pé e de 45 pessoas acho que bem umas 15 estavam em volta da banca de Íris. Ah, e dois em minha volta, o Fred, e a Carina. Comecei a olhar em volta da sala.
- Gente, vocês tão notando a sala bem mais vazia?-Eu disse. Eu sabia que yinha bem menos gente que o ano passado, mas eu não sabia citar uma pessoa a menos na sala.

-É, realmente, agora que você falou eu notei. -A Cá disse.

-Gente, me digam o nome de uma pessoa que teja faltando na sala, deve ser porque a sala do 8º ano é maior.

-Cinceramente? Tem algo errado aí. 

- Ai meu deus, vocês duas vão meter a gente em confusão de novo.

-Fred, calma. Tudo que eu tô querendo dizer é, porque eu não consigo lembrar o nome de nenhum garoto nem nenhuma garota sumida? Tudo que eu lembro, é que ano passado, nossa sala tinha mais de 50 pessoas, lembra do concurso de dança das escolas de Marcília, que o 8º ano não pôde participar porque tinha mais que 50 pessoas em uma sala? - Eu disse, estava 100% convencida que tinha algo estranho nessa história.

- Ah, lembro. Sabe, vocês tem razão. Mas aonde vocês querem chegar com isso? Não vai mudar nada na nossa vida. - Fred estava com medo, dava pra notar. Ele melhor que ninguém sabia identificar uma confusão.

- Em parte você tá certo... mas mesmo assim, que tal a gente perguntar ao diretor quem saiu do colégio desde o ano passado? - Disse a Cá.

- Tá, tá. Mas nada mais que isso ok?

- Ok.- Dissemos, eu e a Cá. eu comecei a rir e eles me seguiram. Mesmo assim, estava na cara que ele não estava nem um pouco a vontade com essa história toda.

O sinal tocou mais uma vez e eles voltaram aos seus lugares, Fred emburrado e Cá curiosa tanto quanto eu para descobrir o mistério.
O professor entrou, agora era aula de história.
- Olá classe, sou Igor, seu novo professor de história, é bom que separem duas matérias de seus cadernos para mim, porque eu gosto muito de escrever. E antes que eu me esqueça, todos vocês, tem um mês pra me entregarem sua Auto-Biografia e apresentarem quem vocês realmente são,  o que pensam e o que querem da vida na sala de aula.
Eu mal conheci esse professor ele já estraga meu dia? Bem, era torcer pra que isso valesse muito pouco porque com certeza minha nota sería muito baixa.
-Ah, vale 10 pontos, metade da nota do semestre inteiro.  – Eu agora estava oficialmente ferrada.

Continua.

Um lugar fora do mapa

O despertador toca na penteadeira ao lado da minha cama e eu ainda com os olhos colados de sono saio tateando em busca do tal bendito, para fazê-lo parar de tocar, e me arrasto até cair da cama com a cara no carpete branco manchado de refrigerante. Sinto meu nariz latejando e saio tropeçando do meu quarto, passando pelo espelho sem coragem de ver o monstro que eu devo estar agora que acabo de acordar e olhando as fotos espalhadas pela parede lilás do quarto dos meus melhores amigos, Frederico e Carina. vou quase me arrastando pelo corredor até o banheiro, e lavo o rosto, agora tomando coragem para me olhar no espelho, e quando me olho, suspiro. Acho que eu tenho esperanças bem no fundo de minha alma que um dia eu acorde e me olhe no espelho com o rosto de alguma modelo da victoria secrets ou mais bonita, e talvez isso seja o pior e acordar todo dia e ver meu rosto feio no espelho. Escovo os dentes, espalho um pouco e creme para pentear para cabelos rescecados nos meus cachos castanhos, os penteio e passo um pouco de gloss, quando me olho no espelho, finalmente me lembro - esqueci de trocar de roupa e continuava com minha baby doll rosa com um ursinho estampado no meio. Por sorte, notei antes de ir pra a escola vestida assim e volto ao meu quarto, boto minha calça jeans, calço o par de all-stars verde militar e pego a bolsa da cadeira na frente a penteadeira que eu uso como escrivaninha. Pego meu perfume e esborrifo nos pulsos e no pescoço. Desço a escada e vejo a casa vazia, meus pais ainda devem estar dormindo, pois eles tem sorte de só precisarem chegar ao restaurante ás 9:00. Eles são donos de um restaurante fino e popular num dos bairros nobres da cidade. 

Eu moro em um pequeno país chamado Marcília, ele é tão pequeno que não é encontrado nos mapas, ele fica na américa do sul, próximo ao litoral nordeste do Brasil, o meu país é tão pequeno, que não é encontrado em mapas e mal recebemos turistas por aqui. Acho muito difícil nós sermos assunto no resto do mundo, pois o mundo formado por países maiores nos deixou de lado, mas nós aqui falamos português pois a maioría aqui veio na época da escravidão, famílias de negros, indios e portugueses revolucionários saíram do país em busca de refúgio, em pequenos grupos, em vários barcos, em vários pequenos grupos, até que encontraram a Marcília, o nome da mulher revolucionária que venceu o machismo e foi maior razão de nós estarmos aqui hoje, como quem vive no Brasil é brasileiro, quem vive na Marcília é Marcíliano. Na verdade, como o país é muito pequeno, é muito mais organizado que os países grandes, cada família aqui tem pelomenos uma casa, um carro, um computador e bons estudos. Aqui nós nos preocupamos com a preservação do meio ambiente e cuidamos de nossas praias e nossa floresta. A marcíla é composta por três estados e sete cidades, oque é muito, muito pouco comparado a um país normal.

Eu moro na capital o país, Escanadara, que fica no estado Probavo. Tenho 12 anos e estou no 8º ano B do único colégio da cidade, o Centro de Estudos Gerais de Escanadara, pode chamar de CEGE.

Resumindo, mesmo você não gostando de seu colégio, é nessa  droga que você vai estudar até se formar em alguma coisa e ir trabalhar, ou se não você muda de cidade para estudar em outra escola. O bom é que aqui em Marcília, todo mundo é classe média alta, e todo mundo tem dinheiro pra sair por aí gastando, oque nos faz ter muitos parques, shoppings e é muito difícil um negócio por aqui não dar certo.

Eu  estava devaneando no sofá, quaze cochilando quando lembrei da vida e fui correndo abrir a porta.

Eu já estava fechando a porta da frente quando meu irmão desceu todo nervosinho quaze pronto pedindo pra eu esperar ele, e eu estava pra me atrasar, a Senhora Maia, mãe da Cá (Carina) estava já chegando e com certeza ela devia estar louca com a hora, pois o sinal da primeira aula toca ás 7:10 e já eram 7:02.

- Miri, me espera! Eu vou com vocês hoje, lembra? - Ai eu ia esquecendo do Eduardo! Meu deus, sorte  que ele veio a tempo, se não ia em bora sem ele. O Edu é meu irmão mais velho, ele é mais velho que eu dois anos e está no 1º ano científico, ele estuda no Sege também, a cidade inteira está presa ao bendito SEGE até se formar, fazer universidade, faculdade, cursos suplementares, tudo, é, tudo, nesse colégio.

- Tá mas corre tá? A mãe da Cá tá chegando e eu tô quaze atrasada e... quer saber? Deixa isso e vamos  logo em bora. - em quanto eu falava, ouvimos três buzinas, a mãe da Cá tinha acabado de chegar no seu polo prata com a Cá no banco e trás, fazendo sinal com a mão para eu entrar. Eu saí correndo e entrei no carro, o Eduardo que se virasse com as chaves.

Sentei no banco de trás ao lado da Cá, e coloquei a minha bolsa no meu colo, arrumei a franja e contei mentalmente até 10, quando acabei e olhei pra frente meu irmão estava sentado no banco do carona na frente, ao lado da Senhora Maia.

- Oi, Cá. Tudo bem? Ah, oque foi que você fez com seu cabelo?! - Assim, pode me chamar de dramática e tal, mas a Carina é loira natural, e o cabelo dela vai até a cintura, bem, pelomenos ia, agora o cabelo dela batia um pouco a baixo dos ombros, o seu cabelo era perfeito, sem volume quaze nenhum e quando ela cortava em camadas, ficava demais. Ela tinha os olhos castanho-claro e a pele digamos que bronzeadinha, porque ela não era nem branca nem morena, bem, ela era gordinha, mas não era feia, também não era linda como a Íris, ai que ódio daquela patricinha, mas ela tinha sua beleza pessoal, e o cabelo dela era lindo, muito mais lindo que o louro oxigenado e escorrido da Íris.

- Meu primo pequeno, de sete anos colou chiclete no meu cabelo, e foi isso que sobrou dele. - Ela sim, era dramática. Tá bom, cortou uma parte mas não foi tanto assim, não é?

-Calma Cá, tudo se dá um geito, seu cabelo cresce tão rápido garota! - Eu sorri.

- Tá bom, tá bom. - Ela também sorriu, num sorriso torto tão fofo, nossa eu amava meus melhores amigos mesmo, só eles pra me fazer sorrir com essa minha vida.

- Crianças, chegamos. Desçam que a aula já está pra começar, vocês tem três minutos! Nossa, sorte que você, Miri mora perto do colégio, a Carina fica tão louca pra passarmos na sua casa e ela sair contando as novidades, que a gente quaze nunca se atrasa não é? - Ah, eu acho que se ela continuasse falando a gente ia se atrasar sim.

- Não é? Tchau Tia Maia até amanhã!

-Tchau mãe. - Disse a Cá e depois soltou um suspiro, acho que sinônimo de liberade olhando em minha direção. Dei um meio sorriso, só a gente se entendia.

Falando de melhores  amigos, lá estava o Fred, sentado nos degrais do colégio, Ah ele era tão lindo, eu adorava aquele garoto! Se eu não fosse a melhor amiga dele, e visse ele mais como o meu irmão favorito, ele com certeza sería meu namorado, mas felizmente tem uma fila grande  na frente daquele garoto, começando por Matheus, o jogador de basquete mais fofo e lindo do colégio inteiro, que era da minha sala e sentava duas bancas atrás de mim, se ele me conhece, é pelos trabalhos de classe que eu já tive que apresentar e não deram muito certo... E Fred se levantou e sorriu pra mim e pra a Cá, nós sorrimos de volta.

-Fred!! - Nós pulamos e saimos correndo em direção do garoto dos cabelos castanho-claro e dos olhos verdes, bem forte e com o sorriso perfeito, dava pra acreditar que ele era nerd? Eu o abracei tão fote que não tinha mais forças. 

-Miri, gata. Tudo bom? - E riu.

-Fred, pára com isso, aff. - Eu saí gargalhando, e então exitei, meu primeiro dia de aula no 8º ano era agora.

 Continua.